
O BYD Song Pro marca uma nova fase da BYD no Brasil, junto com o King, após estabelecer sua imagem com os elétricos Dolphin e Dolphin Mini. Agora, a empresa foca em ganhar mercado com híbridos posicionados competitivamente no Brasil, começando pelo sedã e agora com o SUV médio.
O Song Pro aproveita a reputação positiva de seu irmão maior, o Song Plus, e se posiciona abaixo em preço e equipamentos para competir com modelos como o Compass e o Corolla Cross. Uma de suas vantagens é ser um híbrido plug-in (PHEV) e oferecer um tamanho um pouco maior. Apesar de não ser perfeito, o Song Pro apresenta características que podem atrair compradores, mas também possui falhas que seus concorrentes podem explorar na disputa pelo consumidor na faixa de R$ 200 mil.

Apesar de estar abaixo do Song Plus na linha de produtos, o Song Pro não é menor em tamanho total. Com 4.738 mm de comprimento, é 33 mm mais comprido que seu irmão maior. No entanto, ele possui entre-eixos de 2.712 mm e largura de 1.860 mm, o que o torna menor nesses aspectos. Em altura, com 1.710 mm, o Song Pro é um pouco mais alto.
À primeira vista, pode ser confundido com o Song Plus devido à linguagem de design compartilhada, mas há diferenças perceptíveis na dianteira e, especialmente, na traseira do veículo.
O Song Pro agora exibe apenas “BYD” na traseira, sem o slogan “Build Your Dreams”. É um carro que combina beleza e discrição, sem exageros em recortes, vincos e linhas. As rodas de 18 polegadas podem parecer pequenas para o porte de um SUV médio, mas são calçadas com pneus 225/60 que contribuem para o conforto. Muitos veem o Song Pro como uma atualização do Song Plus em vez de um carro completamente novo.

Por dentro, é onde o Song Pro justifica seu posicionamento abaixo do Song Plus. Embora não comprometa muito no acabamento, há mais uso de plásticos e o painel de instrumentos utiliza uma tela de 8,8 polegadas em vez das 12,3 polegadas do irmão maior, com resolução mais baixa e menos opções de visualização. A tela principal, conhecida por sua capacidade de girar, tem 12,8 polegadas (em comparação com 15,6 polegadas no Plus), oferecendo suporte para Apple CarPlay e Android Auto sem fio, navegação GPS integrada e um sistema de câmeras 360 graus com visualização 3D.
Realmente, a BYD conquistou reconhecimento não apenas pelo acabamento, mas também pelos equipamentos de seus veículos. O Song Pro mantém um bom padrão de acabamento, com materiais suaves ao toque e uso de couro claro em várias áreas (que requer cuidado especial na limpeza). No entanto, a marca optou por acelerar a homologação do Song Pro e não incluiu assistentes avançados de condução ou segurança além dos controles de tração e estabilidade e dos 6 airbags. Isso é notável, especialmente considerando que alguns modelos mais acessíveis já oferecem recursos como piloto automático adaptativo, alerta de saída de faixa e frenagem automática, características que são esperadas em um carro com um apelo tão moderno quanto o do Song Pro.

Apesar de ter um entre-eixos menor que o do Song Plus, o Song Pro oferece um amplo espaço interno. No banco traseiro, é possível ajustar o ângulo do encosto e acomodar confortavelmente dois adultos em termos de largura e espaço para as pernas. No entanto, o terceiro ocupante pode enfrentar limitações com o apoio de braços nas costas e não terá tanto conforto quanto os demais, apesar do piso plano. A presença de saídas de ar-condicionado é um ponto positivo, e curiosamente, a única porta USB-C está disponível na segunda fileira, enquanto as outras são USB-A, incluindo as da dianteira.
No porta-malas, que possui acionamento elétrico, há um espaço declarado de 520 litros. Não há estepe, apenas um kit de reparo, uma prática comum no Brasil que pode se tornar problemática, especialmente em certas regiões e em viagens longas. Em vez do estepe, parte do espaço é ocupado pelo sistema elétrico e conversores do PHEV, semelhante ao que ocorre no Song Plus.

É interessante ver como os proprietários de híbridos BYD recomendam diferentes configurações de uso. Com o sistema DM-i que permite ajustar o nível de recarga do motor 1.5, há a possibilidade de encontrar a melhor combinação para cada necessidade. No seu caso, ao procurar orientação com a engenharia da BYD para testar consumo e desempenho do Song Pro, recomendaram definir a meta de recarga em 50%. Essa flexibilidade demonstra como o sistema pode ser adaptado para otimizar tanto o consumo quanto o desempenho de acordo com as preferências do usuário.
O Song Pro se destaca inicialmente pelo foco no conforto. Os vidros dianteiros com dupla camada ajudam a reduzir os ruídos externos, enquanto o isolamento acústico é eficaz, tornando o funcionamento do motor praticamente imperceptível. A suspensão segue essa linha de conforto, assim como a direção elétrica leve, ideal para longas horas no trânsito, complementada pelos confortáveis bancos dianteiros.

O sistema DM-i do Song Pro funciona essencialmente como conhecemos. O motor 1.5 aspirado neste caso oferece 98 cv e 12,4 kgfm de torque, desempenhando um papel crucial na eficiência de combustível ao alimentar as baterias de 18,3 kWh. Essas baterias, por sua vez, impulsionam o motor elétrico de 197 cv e 30,6 kgfm de torque ou, em conjunto, geram 235 cv na versão Song Pro GS.
Quando recarregado em uma fonte externa, o veículo aceita até 6,6 kW em AC, sem a opção de carregamento DC. O carregador de bordo incluído facilita o carregamento em uma tomada comum, enquanto um Wallbox convencional de 7 kW é suficiente para uso doméstico. No carro, o motorista pode selecionar entre os modos EV (totalmente elétrico) ou HEV (híbrido elétrico), além dos modos Eco, Sport e Normal para ajustar características como peso da direção (Comfort e Esportivo) e força de regeneração (Normal e Hard).

Na cidade, o conforto proporcionado pela suspensão e pelo isolamento acústico do Song Pro dá a sensação de estar dirigindo um carro elétrico. Em momentos em que o motor 1.5 opera no modo HEV, conseguimos alcançar um consumo de 50 km/l enquanto a bateria está disponível. Quando o sistema é forçado a recarregar, ainda conseguimos um bom consumo de 18,2 km/l, mas é importante ter um carregador disponível, pois o motor a combustão sozinho pode não ser suficiente em todas as situações.
No modo híbrido, o Song Pro GS pode percorrer cerca de 140 km antes de acionar o motor a combustão, usando os 25% mínimos de carga da bateria conforme programado. Este é um bom resultado que é alcançado principalmente pelo uso ocasional do motor 1.5, especialmente em acelerações mais fortes. Vamos explorar o modo EV em um momento posterior, mas espere uma autonomia mais próxima dos 100 km nesse cenário.
No uso diário urbano, o Song Pro demonstra mais qualidades do que defeitos, oferecendo eficiência e conforto em condições típicas de cidade.

Na estrada, onde o conforto de um híbrido geralmente diminui, o Song Pro mostra uma evolução comparado até mesmo ao Song Plus antes de receber as novas baterias. Antes de acionar o motor a combustão para manter pelo menos 25% de carga na bateria (embora em alguns casos tenhamos chegado a reduzir para perto de 10% mesmo com o motor 1.5 em funcionamento), o veículo percorreu os mesmos 140 km no modo Hybrid. No entanto, em velocidades mais altas, ele dependeu mais do motor a combustão, resultando em um consumo de 28,5 km/l quando dentro do alcance da bateria, e 17,8 km/l quando fora deste alcance.
Para um bom desempenho, é crucial manter uma carga adequada nas baterias do Song Pro. Caso contrário, ele dependerá mais do motor 1.5 aspirado, que é um tanto limitado para um carro desse porte. Novamente, depender exclusivamente da combustão para fornecer energia não é ideal para viagens longas. Em termos de desempenho geral, o Song Pro acelera de 0 a 100 km/h em 8 segundos, com retomadas na faixa de 5 a 6 segundos. São números satisfatórios, mas que dependem significativamente de uma fonte externa para manter a eficiência ideal.

O BYD Song Pro oferece a função V2L, que permite conectar dispositivos de 220V a uma tomada alimentada pelo carro. Essa função pode até acionar o motor a combustão como um gerador, se necessário. No entanto, a pressa para lançar o SUV resultou na exclusão dos sistemas de condução do processo de homologação, o que pode ser usado pela concorrência para desencorajar potenciais compradores. Isso contrasta com os benefícios do sistema PHEV em si, que poderiam ser argumentos convincentes para escolher o veículo. Além disso, é importante mencionar a ausência de um retrovisor interno fotocrômico no Song Pro.
Apesar de ser mais barato, o sedã King não parece ser o líder da BYD no Brasil. O Song Pro, mesmo com algumas imperfeições, tem potencial para conquistar esse título muito mais facilmente que um sedã. Ao mesmo tempo, ele pode representar uma competição significativa para o Compass e o Corolla Cross, especialmente devido à sua capacidade de alcançar uma autonomia superior a 1.000 km com um tanque de 52 litros de gasolina.

Por R$ 199.800, o Song Pro GS é considerado a melhor versão, apesar de ser mais cara. A maior capacidade da bateria faz uma diferença significativa na autonomia e no uso do SUV híbrido, e nesta categoria, um acréscimo de R$ 10 mil não necessariamente impedirá uma compra. Se a BYD pretende aumentar suas vendas no Brasil, talvez o rei não seja um rei, mas sim uma canção profissional.